
No Sal
Estranho o aeroporto! Apesar de já o ter visto como ele é hoje, na última viagem a este país, não é o aeroporto das minhas memórias do Sal. O aeroporto, onde vivi tantos encontros, tantas partidas e chegadas, o aeroporto ligado a tantas recordações dos anos que foram, sem dúvida alguma, dos mais plenamente conseguidos de toda a minha vida. Fui feliz no Sal como raramente se diz ser feliz...
Tenho 6 horas de espera pelo avião que me levará até S. Vicente e, dessas, já passei quase metade no bar onde bebi uma água e comi um yogurte. Esta, uma iguaria impossível de encontrar quando cá vivemos, assim como muitas outras que nos obrigaram a desenvolver competências insuspeitadas nas artes da cozinha... E não só... Quanta criatividade para viver por cá o dia-a-dia, mas também quanta certeza de ser capaz... De enfrentar fosse o que fosse...
Fui trocar euros por escudos e... que incrível!!! Ser reconhecida e tratada pelo nome, por parte do jovem que me atendeu! Até esse momento nenhum rosto familiar, nada nem ninguém reconhecível e quase me dispunha a esquecer que estava aqui. Terminei de ler o "Exercícios de Estilo" do Luís Pacheco e não me sentia muito disponível para vasculhar a memória procurando caras ou nomes e esperava tudo, menos que um jovem com menos de 30 anos me arrancasse desta passagem anónima. Afinal, fiquei e continuo vivendo em algumas memórias dos "miúdos" do Sal para os quais, com os quais, fiz um dos trabalhos que maior satisfação me proporcionaram. E isso é muito, muito, muito gratificante...
E, depois deste encontro, começaram os nomes e os rostos a saltar em catadupa da memória, até as vozes e os odores vêm trazendo consigo episódios e sensações, lembranças queridas de um tempo feliz, que passei neste pedaço de terra erguido no meio do oceano, grudado para sempre àquilo, àquela, que sou. E, a partir desse momento, não me sinto mais estranha e até mesmo o tão diferente aeroporto, me parece, de novo, bem familiar.
De repente surge o A. B., bem mais velho, (como eu), e logo me lembro que é casado com a C. e das músicas que compunha e tocava no violão em alguns dos serões em que nesta ilha participei. Este encontro acabou por encurtar esta espera no Sal. O A. conseguiu meter-me no primeiro voo para S. Vicente, a seguir ao nosso encontro. Velhos vícios, velhos privilégios... E cá estou eu já no avião, esperando o levantar para o voo de cerca de 45 minutos que me deixará em S. Vicente.
Estranho o aeroporto! Apesar de já o ter visto como ele é hoje, na última viagem a este país, não é o aeroporto das minhas memórias do Sal. O aeroporto, onde vivi tantos encontros, tantas partidas e chegadas, o aeroporto ligado a tantas recordações dos anos que foram, sem dúvida alguma, dos mais plenamente conseguidos de toda a minha vida. Fui feliz no Sal como raramente se diz ser feliz...
Tenho 6 horas de espera pelo avião que me levará até S. Vicente e, dessas, já passei quase metade no bar onde bebi uma água e comi um yogurte. Esta, uma iguaria impossível de encontrar quando cá vivemos, assim como muitas outras que nos obrigaram a desenvolver competências insuspeitadas nas artes da cozinha... E não só... Quanta criatividade para viver por cá o dia-a-dia, mas também quanta certeza de ser capaz... De enfrentar fosse o que fosse...
Fui trocar euros por escudos e... que incrível!!! Ser reconhecida e tratada pelo nome, por parte do jovem que me atendeu! Até esse momento nenhum rosto familiar, nada nem ninguém reconhecível e quase me dispunha a esquecer que estava aqui. Terminei de ler o "Exercícios de Estilo" do Luís Pacheco e não me sentia muito disponível para vasculhar a memória procurando caras ou nomes e esperava tudo, menos que um jovem com menos de 30 anos me arrancasse desta passagem anónima. Afinal, fiquei e continuo vivendo em algumas memórias dos "miúdos" do Sal para os quais, com os quais, fiz um dos trabalhos que maior satisfação me proporcionaram. E isso é muito, muito, muito gratificante...
E, depois deste encontro, começaram os nomes e os rostos a saltar em catadupa da memória, até as vozes e os odores vêm trazendo consigo episódios e sensações, lembranças queridas de um tempo feliz, que passei neste pedaço de terra erguido no meio do oceano, grudado para sempre àquilo, àquela, que sou. E, a partir desse momento, não me sinto mais estranha e até mesmo o tão diferente aeroporto, me parece, de novo, bem familiar.
De repente surge o A. B., bem mais velho, (como eu), e logo me lembro que é casado com a C. e das músicas que compunha e tocava no violão em alguns dos serões em que nesta ilha participei. Este encontro acabou por encurtar esta espera no Sal. O A. conseguiu meter-me no primeiro voo para S. Vicente, a seguir ao nosso encontro. Velhos vícios, velhos privilégios... E cá estou eu já no avião, esperando o levantar para o voo de cerca de 45 minutos que me deixará em S. Vicente.